Helen Rosenweare, que foi médica missionária no antigo Congo Belga, 

conta uma experiência. Veja que interessante relato:

 Certa noite eu estava fazendo de tudo para ajudar uma mãe em trabalho de parto.

Apesar do esforço, ela não resistiu e nos deixou com um bebê prematuro

e uma filha de dois anos em prantos. Era muito complicado manter o bebê vivo

sem uma incubadora (não tínhamos eletricidade para ativar uma incubadora). 

Também não tínhamos recursos adequados de alimentação. Mesmo morando na 

linha do Equador, as noites eram frias com aragens traiçoeiras.

Uma das aprendizes de parteira foi buscar a caixa que reservávamos para bebês

nessa situação e os panos de algodão para envolvê-los. Uma outra foi alimentar

o fogo para aquecer uma chaleira de água para a bolsa de água quente. Sem

demora, voltou desconsolada, pois a bolsa havia se rompido. Borracha estraga

fácil em clima tropical. "Era nossa última bolsa de água quente", ela me disse. 

Assim como no Ocidente se diz que "não adianta chorar sobre o leite derramado", 

na África Central se diria que "não adianta chorar sobre bolsas de água quente

estragadas". Elas não crescem em árvores, e não existem farmácias

no meio das florestas.

"Muito bem", disse eu, "coloquem o bebê em segurança tão próximo quanto 

possível do fogo e durmam entre a porta e o bebê para protegê-lo das lufadas 

de vento frio. Mantenham o bebê aquecido". Na tarde seguinte, fui orar com 

as órfãs que vez ou outra queriam reunir-se comigo. Fiz uma série de sugestões

que pudessem incentivá-las a orar e, também, contei-lhes sobre o bebê.

Expliquei a dificuldade em manter o bebê aquecido já que a única bolsa de água

havia estourado, e que o bebê poderia morrer se passasse frio. Mencionei a 

irmãzinha de dois anos que não parava de chorar e sentia a perda 

e a ausência da mãe.

Durante as orações, uma das meninas africanas de 10 anos orou: 

"Por favor, Deus, manda-nos a bolsa de água quente. Amanhã talvez será tarde, 

porque o bebê pode não aguentar. Por isso, manda a bolsa de água quente 

ainda hoje. " Enquanto eu ainda procurava recuperar o ar diante de tamanha

ousadia, a menina acrescentou: "E, Senhor, já que estás cuidando disso,

por favor, manda junto uma boneca para a irmãzinha do bebê, para que 

ela saiba que também a amas de verdade."

Eu simplesmente não conseguia acreditar que Deus poderia atendê-la. 

O único jeito de obtermos a bolsa de água quente seria por encomenda à minha

terra natal, via correio. Eu estava na África havia quatro anos. Jamais tinha 

recebido uma encomenda postal de minha família. E, se alguém enviasse um 

presente, poria ali uma bolsa de água quente? Afinal, eu morava na 

linha do Equador.

No meio da tarde, durante uma aula da escola de enfermagem, veio um recado

dizendo que um carro estacionara no portão de minha casa. Quando cheguei,

o carro já havia partido e deixado um pacote de 11 quilos na varanda. 

Não consegui abrir a caixa sozinha. Pedi que algumas crianças do orfanato 

me ajudassem. Trinta a quarenta olhos arregalados acompanhavam atentos 

cada movimento. Na camada de cima havia roupas de cores vivas e brilhantes. 

Os olhinhos das crianças brilhavam à medida que as distribuía. Na camada 

seguinte havia ataduras para os pacientes leprosos, caixinhas de uvas passas, 

pacotes de farinha que se transformariam em deliciosos bolos no fim de semana.

Quando coloquei as mãos de novo na caixa, pasmem... "Uma bolsa de água quente,

novinha em folha!" gritei. Eu não havia feito nenhum pedido. Rute, aquela menina

que havia orado na reunião de oração, saltou do banco da frente e gritou: 

"Se Deus mandou a bolsa de água quente, mandou também a boneca!

" Enfiando as mãos na caixa, começou a procurar  a boneca. 

E lá estava ela, maravilhosamente vestida!

Rute não duvidara nem por um instante. Olhando para mim, perguntou: 

"Posso ir junto levar a boneca para a irmãzinha do bebê, para que ela saiba 

o quanto Jesus a ama?" Esse pacote estivera a caminho por cinco meses. 

Foi iniciativa de minha ex-professora de escola bíblica, cuja líder atendeu 

a voz do Senhor de enviar uma bolsa de água quente. E uma das alunas dela 

decidiu, cinco meses antes, enviar junto uma boneca, em resposta a uma 

oração de outra menina de 10 anos de idade que acreditou fielmente que Deus

atenderia à sua oração, ainda naquela tarde.



                                                                 Tradução: Rev. Oscar Lehenbauer